terça-feira, 13 de julho de 2010

Colômbia em um Segundo











Pois é, fui pra Colômbia. Três meses, na verdade dois meses e duas semanas. Foi super corrido, super impulso, super intenso, super bom. Apesar de ter sido curto tive muitas idéias de relatos a fazer durante a viagem, mas o timing não era propício. Simplesmente não queria a companhia do computador. Vou contar um pouquinho, depois talvez retome de novo o tema.










Meu primeiro carimbo no passaporte foi para morar em uma cidade que nunca tinha ouvido falar: Ibagué, no distrito de Tolima. Fui trabalhar em um projeto social do governo colombiano com mais 30 intercambistas. Primeira semana em Bogotá, depois cada um pra seu rincão no país.







Eu fui junto com uma chilena trabalhar na Acción Social em Ibagué. Moramos em casa de aiesecos, depois conseguimos um quarto para morarmos juntas, em uma casa de uma senhora que alugava pra estudantes da universidade. Passamos um mês dormindo em colchão no chão. Não podiámos cozinhar, o banho era de água fria.






Foi uma das experiências mais exaustivas e ao mesmo tempo mais marcantes da minha vida morar essas esparsas semanas com Natália. Ela, uma hispano-hablante; eu uma menina que por mais que falasse espanhol não tinha o traquejo; ela uma estudante antrópologa que abandonou tudo em Santiago do Chile para empreender uma viagem pela América Latina para visitas comunidades indígenas, vivendo do seu artesanato hippie; eu, administradora formada, não coloco meu pé pra fora de casa sem um objetivo. Com essa essa chilenita aprendi muito sobre aproveitar mais a vida e deixar que ela siga seu curso.







Meu trabalho era viajar por todo o departamento, visitando as equipes dos projetos nas comunidades e fazendo atividades de motivação e formação de equipes, com visitas às comunidades atendidas pelo projeto. Foi minha primeira experiência, ainda que não tão intensa quanto eu pensava, de estar no meio comunitário, e escutar suas demandas, seus anseios, suas alegrias e tristezas. Essa experiência me fez querer mais dessa realidade de impacto direto em comunidades.



Com meus passeios, descobri que a Colômbia é fantástica: o povo é extremamente acolhedor, as cidades que visitei são belíssimas, podendo eu encontrar o frio em Bogotá, praias caribenhas de água azul na costa, floresta amazônica, meio rural no leste cafeteiro... Bueno, para decir todo: Colombia, el riesgo es que usted quiera quedarse. Nasceu em mim uma grande vontade de conhecer mais da América Latina.


terça-feira, 28 de julho de 2009

Intercâmbio

Então, você está numa situação como eu, procurando intercâmbio, ou pelo menos interessado na idéia de fazer um intercâmbio, o que fazer? Vou dar umas dicas com base na minha experiência.

Como eu trabalhei na AIESEC quero passar por um intercâmbio da organização. A AIESEC oferece intercâmbios para diversas partes no mundo, na minha área de formação e costuma ter integração cultural também através da AIESEC de lá. Sem falar que a rede da AIESEC me assegura que eu vou ter gente, intercambistas como eu, às vezes até brasileiros, para agüentar a parada.

Os intercâmbios que a AIESEC oferece não costumam ser nos destinos padrão de um candidato a intercambista. Se for colocar no papel os lugares que as pessoas normalmente querem ir (e meus chutes são), Estados Unidos, Inglaterra, Nova Zelândia, Austrália, França, Espanha... desses encontrei intercâmbio na minha área apenas na França. Mas como já faz muito tempo que tenho contato com estrangeiros e com esse "meio intercultural" digamos, minhas expetativas com relação ao intercâmbio são distintas de um intercambista comum: quero aprender sobre como é viver num país diferente e com isso ser mais sensível culturalmente, quero uma experiência profissional na minha área fora, e quero me testar. Estou aberta a conhecer lugares diferentes!

As vagas para o meu perfil (formada em RH, dois anos de experiência no mercado, inglês fluente, experiência extensa de AIESEC, expectativa de fazer intercâmbio em área de RH) me credenciam para um número limitado de vagas. Algumas características das vagas de intercâmbio da AIESEC para este perfil (cabe ressaltar que muda completamente o cenário se você tiver perfil diferente do meu):

O pool atualmente não está bom, até arrisco dizer que as jobs estão mais pobres, mais operacionais!
Acredito que isso seja uma faceta da crise mundial. Com isso as empresas estão demitindo e procurando a AIESEC como uma forma de suprir falta de mão de obra fixa. As empresas estão tendo mais poder de barganha no ajuste da job pois está mais difícil de vender a oportunidade de abrir uma vaga.

Com base em dois meses de pesquisa, os países que mais vi oferecerem intercâmbio para esse perfil foram: Índia, Alemanha, Singapura, Hong Kong, França, Bélgica, Reino Unido, Malásia, Gana.
Desses os únicos países que oferecem vagas constantemente e em bom número (mais de duas) são Índia e Alemanha.

Apesar de as jobs não estarem muito boas, encontra-se oportunidades super interessantes.
Jobs na matriz que envolvem comunicação com as operações, jobs de seleção que envolvem contato com meio externo pra prospecção de talentos, comunicação com alta diretoria... sim, existem essas vagas. Só que esse é o objetivo deve-se ter paciência! O processo de matching leva cerca de dois meses.

O pool varia muito com relação à formação desejada.
Como o número geral de vagas é pequeno, a variação de formação desejada acaba sendo um empecilho para que o processo de fechamento com uma vaga seja mais acelerado. Varia muito entre ser desejável ser undergraduate (exigência para quase toda a Europa para procedimento de visto, isso quando não é necessário ter cidadania européia ou segunda língua como alemão, polonês), graduado, com mestrado em andamento.

Tendo isso em mente tenho minhas limitações claras, quais sejam: a descrição das atividades tem de ser de qualidade, tem que ser uma descrição de atividades especialista de recursos humanos e dentro da área, a empresa tem de ter grande porte, limitando as regiões do globo para Américas, Europa e Ásia Pacífico.

Outro ponto importante a considerar durante meu processo de procura foi a necessidade de eu estudar mais sobre o tema: quando você faz intercâmbio a preparação para performar a job é a menor das suas preocupações. Você precisa desenvolver sua sensibilidade para entrar numa cultura totalmente nova, desenvolver um pouco de entendimento da língua nativa, estudar sobre as empresas para as quais você está se candidatando, estudar sobre o país, a região, a cidade onde será este intercâmbio. Bastante trabalho né?! Mas vale à pena, o intercâmbio é uma experiência para a vida toda!

Algumas dicas para quem está recém começando a sonhar com a idéia de fazer um intercâmbio:

1. Busque ler sobre inteligência cultural para começar a criar consciência sobre o tema - início para você se desenvolver nisso e se integrar no seu meio de trabalho, na comunidade onde você vai viver, diminuir o choque cultural e controlar a ansiedade. O livro que li e recomendo se chama Inteligência Cultural de David C. Thomas e Kerr Inkson. Ele é bastante voltado para situações de intercâmbio de trabalho, fala sobre como pesar negociação considerando diferentes valores, liderança, equipes multiculturais, carreiras internacionais. Apesar de ser um livro americano, e a percepção dos autores pode ser diferente da percepção de um brasileiro em alguns pontos, ainda é super válido. E tem excelentes indicações de sites para ficar expert para o país para onde você vai!

2. Leia material de turismo, dá pra aprender muita coisa! Eu leio a revista Viagem e Turismo, um site chamado Lonely Planet, e um site do governo neozelândes que analisa cada país e dá uma análise de risco. É meio exagerado mas vale dar uma conferida. Aqui. E comece a sonhar! Para onde você iria? Para fazer o quê? Quais são as suas possibilidades e limitações?

3. Caso você seja mulher, recomendo o livro Viaje Sozinha, da Flávia Julius e Maristella do Valle. O livro tem desde dicas de como fazer mala, como lidar com temas como menstruação, depilação, como fazer malas e se livrar de situações perigosas, até dicas de como se comportar e o que cuidar em cada país. Must-read para qualquer mulher que quer viajar solo!

Bom, com tudo isso em mente, espero que você já tenha algumas boas idéias de como ir à caça da sua oportunidade! No próximo post darei dicas específicas sobre um processo seletivo para intercâmbio.


Vocabulário:
Pool: banco de vagas que a AIESEC tem virtualmente na intranet.
Job: descrição das funções que serão desempenhadas, descrição de cargo.

Matching: após o candidato passar por um processo de seleção para a vaga disponível com a empresa, ele "casa" (match) com a vaga.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Liderança na AIESEC

Olá, meu nome é Lubianca, seja bem-vindo!

Esse blog é para versar sobre a procura por intercâmbio, minha experiência na AIESEC e, se Deus quiser, falar sobre o país e o intercâmbio que eu vou viver daqui há umas semanas. Com ele pretendo dividir um pouco de tudo o que estou aprendendo a respeito desse tema tão interessante, que é o intercâmbio e como ele pode ser uma forma para desenvolvimento pessoal como nenhuma outra.


Atualmente estou procurando uma vaga de intercâmbio pela AIESEC. Ok, explicação básica: a AIESEC é uma ONG de jovens estudantes universitários que visa ao desenvolvimento de liderança jovem pra exercer um impacto positivo na sociedade. Algumas das formas pelas quais ela atinge isso são experiências de equipe e liderança dentro da organização, experiências de intercâmbio profissional com empresas e organizações parceiras, e interação com a rede de pessoas no mundo, através de conferências, contato com estrangeiros na sua cidade, etc. É uma experiência fascinate, pena que quando comecei eu não tenha feito um blog.


Entrei nesta organização em 2005, com o objetivo de fazer intercâmbio. Entretanto me apaixonei pela experiência e me candidatei para um cargo de liderança, que era um trabalho part-time voluntário onde eu gerenciava três outras meninas para entregar o processo seletivo da AIESEC em Porto Alegre, escritório ao qual eu estava filiada. Durante essa experiência eu ainda trabalhava 40 horas por semana e fazia faculdade todas as noites, o que dificultou o trabalho. Mas ao final eu vi que na verdade foi a melhor experiência que eu vivi naquele período, que em cerca de dois meses eu me desenvolvi mais naquilo do que qualquer outra coisa que estivesse fazendo. Com base nisso decidi desacelerar minha formatura, sair do meu estágio e assumir uma oportunidade de liderança mais extensa: em 2007 assumi como diretora de gestão de talentos, um cargo de um ano, também part-time, mas que tomava bastante tempo!

Durante esse ano trabalhei com uma equipe que foi mudando ao longo do ano: começou com cinco pessoas, sendo uma das meninas chilena, e terminou com uma equipe de seis pessoas. Essa equipe constituía a diretoria da AIESEC em Porto Alegre, e como tal era responsável por definir o planejamento de atividades do escritório, as metas, e dirigir um grupo de cerca de 60 pessoas para atingir esta visão. Descobri muito a respeito de mim mesma e me apaixonei por essas pessoas, com quem mantenho contato até hoje, mesmo cada um estando em um canto do mundo: França, Romênia, Ilhas Maurício...


Além disso eu também era responsável pela área de gestão de talentos. Durante esse ano passaram 19 pessoas por essa equipe, quando a equipe estava no máximo de sua capacidade cheguei a gerenciar 12 pessoas de uma vez só. Também abri novas posições intermediárias de liderança, duas coordenadorias. Aprendi muito sobre ouvir os demais, manter a calma, planejar e garantir execução, garantir um clima bom de trabalho. Também tive muitas alegrias e resultados que me gratificam muito pessoalmente, com a área sendo considerada uma das melhores ao longo do ano na AIESEC no Brasil, a implementação de todos os processos, aumento na retenção, no número de membros...

Com essa experiência me aproximei mais do escritório nacional, que basicamente dá suporte aos escritórios locais, como o que eu estava trabalhando, para atingir seus resultados. Em 2008 eu sou selecionada para trabalhar em São Paulo, na diretoria nacional da AIESEC. Muitos desafios: é o ano do Congresso Internacional da AIESEC (evento que reúne as diretorias dos mais de 100 países onde a AIESEC está localizada), no 60º aniversário da organização. E o evento vai acontecer no nosso país. Além disso é um desafio muito grande assumir após a equipe anterior, que havia atingido mais de 300 intercâmbios, mais de 20 escritórios, 2.000 membros. Foda né?!

Entre junho de 2008 e junho de 2009 fui diretora de Gestão de Talentos da AIESEC no Brasil. Foi uma experiência fantástica, fiz coisas que nunca me imaginaria possível há pouco tempo atrás. Facilitei treinamentos para mais de 500 pessoas, defini as diretrizes da área para 30 entidades, vi a AIESEC finalmente conseguir atingir a região Norte do país (até então tinhámos presença no Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul), dei suporte para que pessoas se desenvolvessem e desempenhassem melhor suas atividades, dei minha contribuição para uma equipe de mais de 10 pessoas das mais diversas partes do país, interagi com pessoas de muitos outros países e conheci muito mais do meu próprio país. E tudo isso morando na mesma casa que os demais da minha equipe, dividindo sonhos e também agruras. Aos que ainda se encontram dentro da AIESEC, sempre que falo da minha experiência penso que os demais podem pensar que eu estou fazendo lavagem cerebral para que mais pessoas também se candidatem, e aí lembro das palavras (um pouco adaptadas) do Conrado, meu chefe durante esse período: essa experiência não é para todos, mas para quem é essa experiência é maravilhosa. E pra mim foi.


E atualmente, cá estou eu de volta à Porto Alegre! Mas não por muito tempo espero: ainda não terminei minha já extensa experiência, e quero fazer ainda um intercâmbio. Estou pesquisando por vagas com os parceiros, mandando inscrições, fazendo entrevistas, estudando sobre intercâmbio... E claro, retomando contatos com os amigos e família na minha cidade! :)

No próximo post quero compartilhar um pouco sobre o que estou aprendendo sobre a busca do intercâmbio, o que funciona e não funciona, o que estou lendo... Espero que seja útil pra você, AIESECo ou apenas interessado em fazer sua própria viagem pelo mundo!